"Ainda há alguns valores importantes" hoje em dia

Otelo Saraiva de Carvalho, um dos comandantes militares do 25 de abril de 1974, afirmou esta quarta-feira que, no presente, "ainda há alguns valores importantes". E voltou a defender a queda do Governo "pela força".
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Entrevistado no programa "Grande Entrevista", da RTP, Otelo, de 77 anos, defendeu que, nesta altura, e por contraposição com o que se verificava antes da revolução de abril, "ainda há alguns valores importantes".

Sublinhou, contudo, que mantém "a opinião de que o atual Governo deveria ser derrubado pela força", uma vez que, entende, "existe uma perda de soberania" do Executivo.

"Sou um defensor da democracia direta e participativa, mas não acredito nos partidos políticos", declarou Otelo Saraiva de Carvalho.

Um dos principais responsáveis por uma "operação militar que derrubou o Governo", em 1974, explicou o porquê de os Capitães de Abril -- Vasco Lourenço, Vítor Alves e ele próprio -- não participarem nas cerimónias comemorativas dos 40 anos da revolução, no Parlamento: "Há um desacordo enorme entre oficiais, militares, sargentos, praças e, principalmente, os reformados".

Otelo falou também da sua vida pessoal. Permanece casado com a primeira mulher, Dina, há 54 anos, a quem, frisa, deve "os filhos e um companheirismo enorme". Perdeu uma filha, Cláudia, "com 7 anos no dia 8 de agosto de 1971", vítima de paludismo cerebral.

Quando esteve preso conheceu, entretanto, Filomena, com quem também vive.

As duas mulheres de Otelo acabaram por aceitar a situação, mas, pese embora já se tenham conhecido (Otelo apresentou-as, vincou o próprio), "nunca se falaram porque Dina nunca quis".

Contou igualmente que, aos 77 anos, é um homem "muito ocupado", distribuindo-se por "entrevistas, conferências e questões domésticas", entre outras tarefas no dia-a-dia.

Admitiu que não gosta de "fazer um autoretrato" e concorda que é, de certa forma, "um pouco herói, louco e revolucionário" em simultâneo.

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